quarta-feira, 23 de julho de 2008

"A Economia Solidária

como ato pedagógico"


Paul Singer

A Economia Solidária

como antítese

do capitalismo



A Economia Solidária pode ser pensada como um modo de produção
ideado para superar o capitalismo. Sendo assim, para entender a lógica da
primeira é preciso examinar a do último. A pedra de toque do capitalismo é
a propriedade privada dos meios de produção, mas não de qualquer meio de
produção. Trata-se especificamente dos meios "sociais" de produção, ou
seja, dos que só podem ser operados coletivamente.
A propriedade privada de meios "individuais" de produção caracteriza
a pequena produção de mercadorias, não o capitalismo. Agricultores
familiares, garimpeiros, artesãos, catadores de lixo e tantos outros
trabalhadores, que possuem seus próprios meios de produção, não se
confundem com o capitalismo, antes, antepõem-se a ele e tendem a
integrar a Economia Solidária. É o que acontece quando se associam, de
forma igualitária, em geral para aproveitar as vantagens pecuniárias de
compras e vendas em comum, sem renunciar à autonomia de produtores
individuais ou familiares.
O capitalismo caracteriza-se pela concentração da propriedade dos
meios sociais de produção em poucas mãos. Essa concentração dá-se em
conseqüência da lógica dos mercados competitivos, pela qual os ganhadores
apoderam-se de parcelas crescentes do mercado e do capital total e
os perdedores são expulsos do mercado e privados do capital que detinham. Em última análise, a
livre competição leva a sua própria superação, ao ser substituída por modalidades monopólicas ou
oligopólicas de competição.
A concentração do capital tem como contrapartida a formação de uma classe cada vez mais
numerosa de 'perdedores', qual seja, de pessoas que não têm meios próprios de produção e que se
sustentam vendendo sua capacidade de trabalho aos capitalistas (ou ao Estado). Os capitalistas
dependem dos trabalhadores assalariados para que seus capitais produtivos sejam acionados e
assim valorizados, assim como os assalariados dependem dos capitalistas (e do Estado) para ser
empregados e poder ganhar o sustento próprio e de seus dependentes.
Na empresa capitalista, todos os esforços dos trabalhadores dirigem-se a um mesmo fim, o de
maximizar o lucro dos donos. Por isso, as relações de produção nesse tipo de empresa tendem a ser
autoritárias e antagônicas. Tanto capitalistas como trabalhadores sabem que o lucro é o que sobra da
receita de vendas depois de deduzidas as despesas, entre as quais avultam os salários. Quanto maiores
os salários, tanto menores os lucros e vice-versa. Esse antagonismo estrutural de interesses é o motor
da luta de classe, que marca o relacionamento entre empregados e empregadores.
A Economia Solidária foi concebida como um modo de produção que tornasse impossível a
divisão da sociedade em uma classe proprietária dominante e uma classe sem propriedade subalterna.
Sua pedra de toque é a propriedade coletiva dos meios sociais de produção (além da união
em associações ou cooperativas dos pequenos produtores). Na empresa solidária, todos que nela
trabalham são seus donos por igual, ou seja, têm os mesmos direitos de decisão sobre o seu destino.
E todos os que detêm a propriedade da empresa necessariamente trabalham nela.
Essa última condição nega a possibilidade de haver uma classe que viva apenas de rendimentos
de seu capital, sem tomar parte no trabalho. Daí deriva a norma de que a empresa solidária não
remunera o capital próprio dos sócios e que, quando trabalha com capital emprestado, paga a
menor taxa de juros do mercado. Isso significa que os ganhos dos trabalhadores têm prioridade
sobre o lucro, que na empresa solidária toma a forma de 'sobras'. Essas são distribuídas por decisão
dos sócios de distintas maneiras, mas nunca de acordo com a participação de cada um no capital da empresa.(...) CONTINUE A LER O PDF DO LIVRO EM:

LIVRO: "ECONOMIA SOLIDÁRIA E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS"
http://www.publicacoes.inep.gov.br/arquivos/%7BD85647A6-2A37-4FD2-A4F6-20DD186E0A71%7D_econ_solidaria_educacao_JA.pdf

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