domingo, 20 de julho de 2008

Repressão Sexual

e Trabalho em

"Eros e Civilização"

de Herbert Marcuse

Marilena Chauí (filósofa e professora da USP)

Livro - "Repressão sexual: essa nossa (des)conhecida", 1984, Marilena Chauí, Ed. Brasiliense

Numa obra intitulada "Eros e Civilização", o filósofo Marcuse aplicou conceitos da psicanálise na compreensão da repressão sexual obtida através da racionalização exercida sobre o trabalho e sobre toda a nossa vida pela sociedade contemporânea, que ele chama de sociedade unidimensional (isto é, uma sociedade sem dimensões e diferenciações, onde tudo eqüivale a tudo, se troca por tudo, tudo sendo mercadoria e objeto de consumo) e também de sociedade administrada (isto é, onde todas as nossas atividades, idéias, todos os nossos desejos e pensamentos estão sob controle de instâncias exteriores a nós e que desconhecemos.)

Marcuse fala em super-repressão e em princípio de rendimento.

A super-repressão não é apenas a repressão no sentido do recalque (1) ... Nem no sentido freudiano de contenção do princípio do prazer por exigências do princípio de realidade. A super-repressão é um conjunto de restrições e de imposições que têm como finalidade obter e conservar a dominação. É um fenômeno sócio-político.

Na teoria freudiana, a contenção do princípio do prazer pelo de realidade tinha um pressuposto: os seres humanos vivem em estado de penúria e precisam trabalhar para sobreviver. É preciso, portanto, que a libido não só seja reprimida para que energias se dirijam ao trabalho, mas também que o prazer aprenda a protelar-se e, em certos casos, a suportar frustrações definitivas. O trabalho podia, simultaneamente, tomar o lugar da libido para fins sociais úteis e podia também ser uma sublimação da libido, um meio para satisfazê-la indireta ou simbolicamente.

Ora, diz Marcuse, Freud não levou em conta um aspecto essencial da questão: a desigualdade. Isto é, que há indivíduos, grupos ou classes sociais cuja penúria é resolvida graças à condenação permanente de outros indivíduos, grupos ou classes sociais à penúria e ao trabalho forçado. A vitória do princípio de realidade sobre o do prazer foi obtida pela dominação de uma parte da sociedade sobre outra. É isto a super-repressão.

Assim como a super-repressão produz a fragmentação do processo de trabalho para que o trabalhador se transforme num incompetente e não tenha o menor controle sobre o que faz, nenhum poder de decisão e de transformação; assim como ela produz a fragmentação da produção e do consumo sob o controle da gerência científica e dos especialistas em merchandising; assim como fragmenta o lazer e os conhecimentos em mil pequenas especialidades, também fragmenta a sexualidade.(...) Continue a ler em:

http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/marcuseeroschaui.html

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