sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

CARTA DE PROTESTO - DISCRIMINAÇÃO DENTRO DE ESCOLA EM ALTAMIRA - PA



ALTAMIRA 26 DE FEVEREIRO DE 2009

Em Altamira – Pa, uma garota teve que abandonar o colégio por que a direção cismou sua amizade com outra garota. A diretora juntamente com a psicóloga da escola (CEGD) sugeriram à mãe da adolescente (R.B,
17anos) que a levassem a um psicólogo para fazer tratamento, pois a menina mantinha comportamento estranho ao se relacionar com outras.
Alegaram que a aluna era doente e precisava de tratamento psicológico, e como se não bastasse teve rematrícula negada.

Podemos afirmar que um indivíduo – salvo aqueles que não foram inseridos no sistema educacional por falta de oportunidade e/ou por impossibilidade – passa cerca de 10 anos no ambiente escolar na tentativa de adquirir graus de escolaridade e talvez um pouco de cidadania. Mais ou menos entre 07 e 17 é o período de várias transformações corporais e mentais. Portanto, não é leviano assumir que boa parcela da personalidade do garoto ou garota vem desse ambiente. É na escola que eles desenvolvem suas habilidades sociais e começam a compreender o conceito de sociedade.

A escola não é um sistema fechado, pelo contrário, traz para si uma importante carga de experiências do mundo externo. Entenda-se que desse mundo, como não isento disso, cargas negativas também virão como os vícios do mundo lá fora.

Esse ambiente ao qual nos referimos muitas vezes oprime a juventude mesmo não intencionalmente. O jovem historicamente é visto como símbolo de transgressão e rebeldia (justificadas ou não), assim, historicamente também é penalizado por isso. Nesse contexto, uso de drogas e sexualidade são os temas mais preocupantes entre professores e diretores. Por mais preocupados e empenhados que sejam/estejam, nenhum professor ou diretor em sã consciência admitiria o preconceito se o caso fosse, por exemplo, de homossexualidade, assim como a maioria da população diz não ser racista, mas seus atos mostram o contrário.
A homossexualidade não é novidade nem nunca foi moda, ao contrário do que muitos conservadores pensam e ainda repugnam. É fato! No ambiente escolar não seria diferente. O que se percebe em muitas escolas, local onde deveria haver proteção e amparo – e uma maior compreensão já que se discute cidadania, direitos e igualdade –, garotos e/ou garotas homossexuais sofrem diariamente discriminação. Não raro, garotos são expulsos por trocar carícias no corredor (um caso detectado em Manaus). Em Altamira – Pa, uma garota teve que abandonar o colégio por que a direção cismou sua amizade com outra garota. A diretora juntamente com a psicóloga da escola (CEGD) sugeriram à mãe da adolescente (R.B, 17anos) que a levassem a um psicólogo para fazer tratamento, pois a menina mantinha comportamento estranho ao se relacionar com outras. Alegaram que a aluna era doente e precisava de tratamento psicológico, e como se não bastasse teve rematrícula negada. Procuramos a direção da escola e os mesmos se recusaram a dar maiores informações sobre o assunto. "Mais importante que considerar a homossexualidade um problema psicológico, passível de ser tratado, é educar a população para respeitar as individualidades. Diferenças não são escolhas, e sim tendências que fazem parte da natureza das pessoas", por isso o aluno e os pais podem (e devem!) procurar uma assessoria jurídica, de preferência grupos que respondam pela categoria como grupos gays da sua cidade e partir pra cima!

Discriminação, mesmo dentro da escola, já é crime no Brasil. O Artigo
232 do Estatuto da Criança e do Adolescente diz: “Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento: Pena – detenção de seis meses a dois anos”. Esse artigo é muito sério. Bem administrado, ele praticamente criminaliza a homofobia quando praticada por um pai ou um professor contra um adolescente. Alguns professores mal (in)formados são incapazes de discutir o assunto, mas devemos mudar essa realidade curricular e a atuação profissional em sala de aula. Podemos denunciar atitudes antiéticas desses profissionais no Ministério da Educação, nos órgãos representativos de classe, no Ministério Público Federal ou Estadual, ou seja, rompa esse silêncio. A escola pode ensinar teorias, mas não como você vai expressar a sua sexualidade.

Não podemos deixar IMPUNE a atitude preconceituosa e discriminatória dessa instituição de Ensino.

QUEREMOS JUSTIÇA DAS AUTORIDADES

Seus Direitos, Nossos Direitos, Direitos Humanos - Direitos Iguais!
Nem Mais, Nem Menos.

Grupo Homossexual da Transamazônica e Xingu

Publicação: Revista G Magazine, Folha de São Paulo, Diário do Pará, Folha do Tocantins, Jornal Estado do Carajás.

Informaçõe s adicionais humbertofesta@hotmail.com

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